Canários: Pedagogia vocal, feminismo decolonial e a dominação simbólica das mulheres nos cantos populares do Brasil
DOI:
https://doi.org/10.33054/ABEM202533118Palavras-chave:
Educação Musical, Feminismo Decolonial, Ecofeminismo, Pedagogia Vocal, Canto popular.Resumo
O presente artigo propõe uma reflexão que integra Educação Musical, Pedagogia Vocal, Etnomusicologia e Estudos de Gênero. Busca investigar como as estruturas patriarcais, racistas e coloniais se manifestam nas práticas pedagógicas, especialmente na dominação dos corpos e vozes femininas. Situamos o debate no âmbito dos cantos populares do Brasil. O referencial teórico se utiliza de discussões advindas do feminismo decolonial e do ecofeminismo, que oferecem uma lente crítica para analisar as relações de poder e dominação simbólica presentes na educação vocal. A metodologia adotada consiste em pesquisa bibliográfica nas áreas citadas, articulando conceitos e debates que evidenciam as dinâmicas de opressão e resistência presentes nas práticas vocais. Observamos que o canto pode atuar tanto como instrumento de dominação quanto como ato político e processo de cura subjetiva, o que ressalta a importância de uma pedagogia inclusiva, libertadora e que valorize saberes não hegemônicos e modos diversos de expressão vocal. Destacamos a relevância de repensar a pedagogia vocal sob uma perspectiva plural e crítica para ampliar o debate sobre a colonialidade das práticas musicais e fomentar discussões sobre a emancipação das mulheres nos contextos populares.
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