Contrapontos às “Dimensões do Conhecimento” em Arte da BNCC a partir da (re)significação de professores de Música
DOI:
https://doi.org/10.33054/ABEM202533107Palavras-chave:
Educação Musical escolar, Currículo, BNCC, Professores de Música.Resumo
O presente artigo, resultante de uma Tese de Doutorado em Educação Musical escolar, descreve e analisa as (re)significações curriculares produzidas por professores de Música do Ensino Fundamental – Anos Iniciais, vinculados à Rede Municipal de Ensino de Franca – SP, frente às “Dimensões do Conhecimento” em Arte, propostas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC). O recorte dos dados apresentados parte de uma abordagem metodológica mista, combinando análise documental de sequências didáticas (FASE 1) e utilização de questionário estruturado junto a 22 docentes (FASE 2), com o objetivo de compreender como as diretrizes oficiais são interpretadas, tensionadas e transformadas na prática pedagógica cotidiana. Fundamentado em José Gimeno Sacristán, o estudo compreende o currículo como campo de disputas simbólicas, históricas e culturais, atravessado pelas experiências, valores e trajetórias dos professores. Os resultados apontam deslocamentos críticos em relação à BNCC, especialmente nas dimensões de criação, expressão, crítica e reflexão, revelando apropriações que articulam repertórios culturais, intencionalidade pedagógica e construção coletiva de sentido. A análise fatorial do questionário revelou três constructos principais, relacionados às compreensões docentes sobre criatividade musical, expressão e formação crítica. Concluímos que os professores não apenas operacionalizam o currículo prescrito, mas o (re)constroem em diálogo com seus contextos, reafirmando seus protagonismos na constituição de práticas curriculares críticas e situadas.
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