O Clube das Crianças: Articulações entre a Música na infância e a Educação enquanto bem comum
DOI:
https://doi.org/10.33054/ABEM202432104Resumen
O projeto de investigação-ação “Clube das Crianças” desenvolveu-se em um contexto de educação não formal no norte de Portugal, com crianças de 8 a 10 anos, em 2022. A ação integrou o Projeto SMOOTH, financiado pela União Europeia, tendo como objetivo central refletir acerca do potencial da Educação enquanto bem comum para combater as desigualdades em grupos vulnerabilizados, por meio da promoção do diálogo intercultural e intergeracional e do desenvolvimento de habilidades sociais e pessoais para a criação de espaços de cidadania democrática baseados em igualdade, colaboração, compartilhamento e cuidado. O presente artigo explora como essas premissas epistemológicas da Educação enquanto bem comum se alinham a uma perspectiva crítica da infância e a uma visão contemporânea de Educação musical na infância, a fim de compreender as relações sociais que se desenrolam em práticas musicais no contexto de um projeto social. Os resultados apontam para a importância da co-construção de espaços e tempos em que as crianças sejam sujeitos ativos em suas práticas musicais nesse cenário. Discutimos aspectos de um trabalho musical criativo – a troca, a criação coletiva, a partilha aberta, a diversidade e a liberdade – e a sua associação com os valores da Educação enquanto bem comum – uma prática social mais livre, igualitária, aberta, diversa, justa e colaborativa – para sustentar que há uma convergência entre estas teorias e práticas. Isso permite afirmar que os pressupostos da Educação enquanto bem comum oferecem um potencial contributo para a compreensão da Educação musical em projetos sociais.Descargas
Citas
BENS Comuns em Educação e Inclusão Social Ativa. Apresentação do Projeto Smooth. Braga, 2021.
CAMARGO, G. B.; GARANHANI, M. C. O corpo criança na travessia da educação infantil para os anos iniciais do ensino fundamental. Educação e Pesquisa, [s. l.], v. 48, 2022, p. 1-15. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S1678- 4634202248239129por>.
CUBASCH, P. Elementares Musizieren oder leibhaftige Bildung mit Musik und Bewegung. Orff-Schulwerk-Informationen, [s. l.], v. 62, p. 19-24, 2019. Disponível em: <http://bidok.uibk.ac.at/library/cubasch-musizieren.html>.
Educational Common Spaces. Passing through enclosures and reversing inequalities. Fact Sheet: Project description. European Commission: Cordis, 2021. Disponível em: <https://doi.org/10.3030/101004491>.
FERNANDES, N. Dos silêncios da Pedagogia aos contributos da Sociologia da Infância ou Sobre os modos de respeitar ontológica e metodologicamente a criança enquanto sujeito ativo de direitos. In: TOMÁS, Catarina; TREVISAN, Gabriela (Org).
Sociologia da Infância em Portugal - memórias, encontros e percursos. Lisboa: APS, 2021, p. 61-79. Disponível em: <https://doi.org/10.30553/FOQU1508>.
FERNANDES, N. Lição. Apresentada para as Provas de Agregação em Estudos da Criança - Área de Especialização em Infância, Cultura e Sociedade. Universidade do Minho, 2022.
FERNANDES, N.; SARMENTO, T.; BARRA, M.; SILVA, D.; MARTINS, F.; CASANOVA, J. R. Co-creation of educational commons spaces to reverse inequalities: project SMOOTH and the Children’s Club. Frontiers in Sociology, [s. l.], v. 8, e1235782, 2023. Disponível em: <https://doi.org/10.3389/fsoc.2023.1235782>.
HALSTED, M. Liberalism, Multiculturalism and Toleration. Journal of Philosophy of Education, [s. l.], v. 30, n. 2, jul/1996, p. 307-313. Disponível em: <https://doi.org/10.1111/j.1467-9752.1996.tb00400.x>.
JØRGENSEN, C. R.; WYNESS, M. Kid Power, Inequalities and Intergenerational Relations. Londres: Anthem Press, 2021. Disponível em: <https://doi.org/10.2307/j.ctv1pdrrdt>.
KIOUPKIOLIS, A. The Commons and Music Education for Social Change. European Journal of Philosophy in Arts Education, [s. l.], v. 4, p. 111-146, 2019. Disponível em: <https://doi.org/10.5281/zenodo.3674136>.
KLEBER, M. O. A Prática de Educação Musical em ONGs: dois estudos de caso no contexto urbano brasileiro. Porto Alegre: UFRGS, 2006. Tese (Doutorado), Programa de Pós-Graduação em Música, Instituto de Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2006.
KORSGAARD, M. T. Education and the concept of commons. A pedagogical reinterpretation. Educational Philosophy and Theory, [s. l.], v. 51, n. 4, p. 445-455, 2019. Disponível em: <https://doi.org/10.1080/00131857.2018.1485564>.
KOSTAKIS, V.; BAUWENS, M. How to create a thriving global commons economy. New systems, possibilities and proposals. Zenodo, 2019. Disponível em: <https://zenodo.org/record/3924300>.
LUNDY, L.; MCEVOY, L. Children’s rights and research processes: assisting children to (in)formed views. Childhood, [s. l.], v. 19, n. 1, p. 129-144, 2011. Disponível em: <https://doi.org/10.1177/0907568211409078>.
MADALOZZO, T. CriAtividade na educação musical: para pensar as pedagogias ativas e criativas um século depois. In: ROSSETO, R.; VASCONCELLOS, S. T. (Org.). Arte, educação e formação docente: textos escolhidos. São Carlos: Pedro & João Editores, 2022. p. 45-62. Disponível em: <http://doi.org/10.51795/9786558699491>.
MADALOZZO, T.; MADALOZZO, V. D. A. B.; PRODÓSSIMO, A. H. S.; FREITAS, C. W. S. F. Culturas da infância na educação musical: o jogo corporal-musical e a aprendizagem. In BULATY, A.; SILVA, M. O. da; MADALOZZO, T. (Org.). A(s) infância(s):
olhares e escutas sobre formação, práticas e políticas. Santa Maria: Arco Editores, 2022, p. 104-121. Disponível em: <http://doi.org/10.48209/978-65-5417-019-5>.
MADALOZZO, T. Creative listening in music education: children engaging their entire moving bodies. In: MURILLO, A. et al. (Org). Exploring creativities. Creation as a strategy for learning music and the arts. València: EdictOràlia, 2023. p. 197-219.
OECD - Organisation for Economic Co-operation and Development. Education at a Glance 2018: OECD Indicators. Paris: OECD Publishing, 2018. Disponível em: <https://doi.org/10.1787/eag-2018-en>.
ONU - Organização das Nações Unidas. Objetivos de desenvolvimento sustentável. 17 objetivos para transformar o nosso mundo. Nações Unidas: Centro Regional de Informação para a Europa Ocidental, 2016. Disponível em <https://unric.org/pt/Objetivos-de-Desenvolvimento-Sustentavel/>.
PATO, J.; SCHMIDT, M.; GONÇALVES, M. E. (Org). Bem Comum: Público e/ou Privado? Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais, 2013. Disponível em: <http://hdl.handle.net/10451/22896>.
PECHTELIDIS, Y.; KIOUPKIOLIS, A. Education as commons, children as commoners. The case study of the Little Tree Community. Democracy and Education, [s.l.], v. 28, p. 1-11. Disponível em: <https://democracyeducationjournal.org/ home/vol28/iss1/5>.
SANTOS, B. de S. Construindo as Epistemologias do Sul: Antologia Essencial. Volume I: Para um pensamento alternativo de alternativas. MENESES, M. P. et al. (Org). Buenos Aires: CLACSO, 2018.
SARMENTO, M. J. Culturas Infantis / Children’s Cultures. In: TOMÁS, C. et al (Org.). Conceitos chave em Sociologia da Infância. Perspetivas globais. Braga: UMinho, 2021. p. 179-185.
TESAR, M. Childhood undergrounds: Power, resistance, secrets, objects and subversion in early childhood education. Early Childhood Folio, [s. l.], v. 21, n. 1, p. 22–26, 2017. Disponível em: <https://doi.org/10.18296/ecf.0033>.
UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Reimaginar nossos futuros juntos: um novo contrato social para a educação. Boadilla del Monte: Fundación SM, 2022.
WAAE Executive Council. Report for the Development of the UNESCO Framework for Culture and Arts Education. WAAE, 2023. Disponível em <https://www.waae.online/uploads/1/2/9/2/129270960/final_waae__unesco_survey_ 18_05.pdf>.
WYNESS, M. Children’s participation and intergenerational dialogue: Bringing adults back into the analysis. Childhood, [s. l.], v. 20, n. 4, p. 429-442, 2013. Disponível em: <https://doi.org/10.1177/0907568212459775>.
Financiamento
O presente trabalho foi desenvolvido no âmbito do Projeto SMOOTH - Educational commons and active social inclusion (Ref. ID: 101004491), financiado pelo Programa Horizon 2020 da União Europeia. Os autores são financiados pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, através de uma bolsa de doutoramento da autora Vivian Madalozzo (UI/BD/154433/2022), pelo Centro de Investigação em Estudos da Criança (UIDB/00317/2020 e UIDP/00317/2020) e pelo Centro de Investigação em Educação (UIDB/01661/2020 e UIDP/01661/2020), Instituto de Educação, Universidade do Minho, através de fundos nacionais da FCT/MCTES-PT.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Os(As) autores(as) que tiver(em) seu texto manuscrito aprovado deverá(ão) enviar à Editoria da REVISTA uma Carta de Cessão (modelo enviado no ato do aceite), cedendo os direitos autorais para publicação, em regime de exclusividade e originalidade do texto, pelo período de 2 (dois) anos, contados a partir da data de publicação da REVISTA.
DECLARAÇÃO DE ORIGINALIDADE E EXCLUSIVIDADE DE CESSÃO DE DIREITOS AUTORAIS
Declaramos que os artigos presentes na REVISTA DA ABEM são originais e não foram submetidos à publicação em qualquer outro periódico nacional ou internacional, quer seja em parte ou na íntegra. Declaramos, ainda, que, após um artigo ser publicado pela REVISTA DA ABEM, ele não poderá ser submetido a outra forma de publicação, no prazo de dois anos. Passado esse período, a REVISTA DA ABEM cede direitos aos(às) autores(as) para publicarem o texto em livros ou outro periódico, desde que haja autorização do Conselho Editorial.
Também temos ciência que a submissão dos originais à REVISTA DA ABEM implica transferência dos direitos autorais da publicação digital e, a não observância desse compromisso submeterá o(a) infrator(a) a sanções e penas previstas na Lei de Proteção dos Direitos Autorais (nº 9610, de 19/02/98).